25/06/2013

[Editorial Presença]Opinião "As Recordações",de David Foenkinos

Titulo: As Recordações
Autor: David Foenkinos



«No seu lugar, eu refugiar-me-ia numa recordação.” Sim, foi isso que ele disse e, depois, acrescentou: “Iria para um lugar onde tivesse sido feliz. Na sua idade, era certamente o que eu faria.» Quando a avó do narrador foge do lar onde se encontra a viver, este sabe que não pode ficar de braços cruzados à espera de ver as autoridades agirem. Mas que sabemos nós das recordações das outras pessoas?... Em As Recordações, David Foenkinos oferece-nos uma reflexão plena de sensibilidade sobre o tempo, a memória, a velhice, os conflitos de gerações, o amor conjugal, o desejo de criar e a beleza do acaso.



Muitos são aqueles que vivem das lembranças, de momentos que, de uma maneira ou de outra, os marcou e moldou a sua personalidade. Somos, na verdade, aquilo que vivemos!
Este foi um livro que me surpreendeu bastante, pois estava à espera de uma história um pouco diferente. Pensei que ia encontrar a viagem intensa de um neto que procura a sua avó, mas a viagem realizada acabou por ser feita através de recordações das várias personagens que vão aparecendo no livro, mesmo não sendo estas grandes intervenientes, nem tenham um papel de grande impacto na história. O livro aborda vários temas, sendo um deles um tema muito importante e que muitas vezes acabamos por descurar, a velhice. Quantos de nós não tem um avô ou uma avó alojados num lar e que por uma razão ou outra apenas os visitamos uma vez por ano? A vida é madrasta e é nestas pequenas coisas que verificamos que vivemos para o dia-a-dia e que muitas vezes deixamos de lado aquilo que realmente importa. Infelizmente, nem sempre podemos fazer aquilo que realmente desejamos e isso inclui cuidar daqueles que nos deram a vida. O autor pega nesse assunto com algum cuidado e dá-nos uma grande lição, ao mesmo tempo que demonstra também o lado amargo e por vezes triste daqueles que têm de deixar os seus pais ou avós num lar. E, por último, a fuga! Esta, apesar de estar por mim enumerada em último lugar, creio ser o principal tema do livro. Os diversos tipos de fuga têm em nós reacções diferentes, tanto podemos fugir de alguém, como podemos fugir de determinado lugar, mas quando fugimos de nós mesmos tudo se torna demasiado complicado.
Este livro é, por tudo isto, uma fonte de sentimentos que vão transbordando ao longo das suas páginas. Apesar de toda a simplicidade com que é escrito, considero que esta seja uma leitura que deve ser feita de forma cuidada, de maneira a que o leitor possa ter oportunidade de meditar um pouco acerca do que vai acontecendo na história. A não perder!

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